Quem tem Medo dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável?
No ano de 2015, a Organização das Nações Unidas (ONU) lançou como parte da chamada Agenda 2030, os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), absorvendo as prioridades e aspirações relacionados ao tema, buscando mobilizar governos, empresas e organizações do terceiro setor, apresentando indicadores e metas.
Um termômetro da importância que os 17 ODS assumiram no Brasil, foi a assimilação pela B3 (nossa Bolsa de Valores) da importância de se alcançar tais objetivos, materializada através da iniciativa que ganhou o nome de “Relate ou Explique para os ODS”, estabelecida em 2017, em parceria com a Global Reporting Initiative (GRI), com o objetivo de estimular o entendimento dos ODS e que estes sejam incorporados progressivamente à estratégia das empresas listadas.
Neste relatório da B3, as empresas listadas que não relatam, devem indicar o porquê de não procederem desta forma (daí o nome da iniciativa “Relate ou Explique”).
Em 2019, cerca de 30% das companhias listadas indicaram divulgar seus relatórios de sustentabilidade considerando os ODS estabelecidos pela ONU e 6% dos respondentes indicaram estar elaborando ou estudando a possibilidade de considerá-los em seus relatórios de sustentabilidade (ou integrado).
Tratam-se de empresas de grande porte, dos mais diversos setores (óleo & gás, bebidas, cosméticos, imobiliário, energético, dentre outros), todas com extensa cadeia de suprimentos (ou de fornecedores), externa à sua estrutura, de modo que os 17 ODS não devem estar fora do radar das sociedades de médio – e até de pequeno – porte que integrem a lista de fornecedores dessas empresas., de modo que não é demais dizer que a atenção aos ODS nas operações das empresas que integram tais cadeias pode trazer ganhos de imagem e vantagem competitiva para as mesmas.
É claro que nem todos os 17 ODS podem ser concretizados por toda e qualquer instituição – seja ela empresarial, seja uma ONG – por inúmeros fatores, mas o interessante a se observar é que alguns deles estão presentes para toda e qualquer empresa, a exemplo dos objetivos vinculados à redução das desigualdades (ODS 10); consumo responsável (ODS 12); igualdade de gênero (ODS 5), trabalho decente e crescimento econômico (ODS 8) e parcerias e meios de implementação (ODS 17).
Isso porque qualquer empresa, qualquer que seja seu tamanho, se vê às voltas com processos de contratação de pessoal (e nem sempre avalia práticas eventualmente discriminatórias, ainda que num plano inconsciente); de materiais (sem exatamente se preocupar com a origem deles); e de contratação de fornecedores (que por suas vezes podem não ter práticas trabalhistas, ambientais e outras adequadas) e assim por diante.
Importante destacar que – principalmente a partir de escândalos acerca de práticas adotadas em indústrias de confecção, mineração, alimentícia, dentre outras -, grande ênfase tem sido dada às cadeias de suprimento, já que não basta mais dizer que “não sabia que seu fornecedor tinha determinadas práticas”.
Isso significa dizer que políticas de contratação (da seleção à celebração do contrato propriamente dito) e programas de compliance e de integridade estão na ordem do dia das grandes empresas não apenas para si, mas para os integrantes da sua cadeia de suprimentos, o que coloca empresas que estejam em tais cadeias na provável posição de responder (inclusive para fins de manutenção das relações ou critérios de desempate) à seguinte pergunta: o que vocês estão fazendo em consideração aos 17 ODS?
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